artigos acontece nossa arte humor dialeto o comédia & o truta histórias para refletir
Terça - 23 de Abril de 2024
COLUNISTAS 
@ SANDRA LOURENÇO
@RR RODRIGUES
Ademiro Alves (Sacolinha)
Alberto Lopes Mendes Rollo
Alessandro da Silva Freitas
Alessandro Thiago da Silva Luz
Alexandre M. O. Valentim
Ana Carolina Marques
Antony Chrystian dos Santos
Carla Leite
César Vieira
Cíntia Gomes de Almeida
Claudia Tavares
EDSON TALARICO
Eduardo Souza
Elias Lubaque
FAEL MIRO
Fernando Alex
Fernando Carvalho
Fernando Chaves dos Santos
Flávio Rodrigues
Gisele Alexandre
Henrique Montserrat Fernandez
Ivan de Carvalho Junqueira
Jack Arruda Bezerra
Jean Jacques dos Santos
João Batista Soares de Carvalho
João Henrique Valerio
JOEL BATISTA
Jonas de Oliveira
Jose de sousa
Júnior Barreto
Karina dos santos
Karina dos Santos
Leandro Carvalho
Leandro Ricardo de Vasconcelos
Leonardo Lopes
Luiz Antonio Ignacio
Marcelo Albert de Souza
Marco Garcia
Marcos Lopes
Maria de Moraes Barros
massilon cruz santos
Natália Oliveira
Nathalia Moura da Silva (POIA)
NAZARIO CARLOS DE SOUZA
NEY WILSON FERNANDES SANTANNA
Rafael Andrade
Rafael Valério ( R.m.a Shock )
Regina Alves Ribeiro
Rhudson F. Santos
Ricardo Alexandre Ferreira
Rodrigo Silva
Silvio Gomes Batisa
Sônia Carvalho
Teatro nos Parques
Thiago Ferreira Bueno
Tiago Aparecido da Silva
washington
Wesley Souza
Weslley da Silva Gabanella
Wilson Inacio

APOIADORES 


Todo o conteúdo do portal www.capao.com.br é alimentado por moradores e internautas. As opiniões expressas são de inteira responsabilidade dos autores.


Boa noite Cinderela

Por: Ademiro Alves (Sacolinha)

Boa noite Cinderela

 

Muitos são os atos que uma pessoa pratica para ganhar dinheiro. Na terra da garoa não é diferente.

Paulo é empresário, dono de duas grandes lanchonetes. Uma fica no centro de São Paulo e a outra no metrô Itaquera. Ambas com boa movimentação de clientes, fato que o deixa muito satisfeito e às vezes com dor de cabeça.

Ele é solteiro. Atualmente anda alterado demais, pois trabalhar com o público exige muita paciência, além do que, havia três meses que duas funcionárias entraram na justiça contra ele, pois Paulo, ao perceber a gravidez das meninas, despediu-as.

O processo está caminhando, lento, mas está.

Hoje é sexta-feira, e ele tinha acabado de sair da primeira audiência. Na porta do Fórum Paulo ainda ouviu uma das jovens dizer:

- Espero que você comece a perder todo o seu dinheiro, bicho ganancioso de uma figa.

Fez o sinal da cruz afastando aquele rogo de praga e seguiu caminho.

Passou na lanchonete central, recolheu o faturamento do dia e partiu com destino ao bairro da Patriarca, onde mora.

Na avenida Radial Leste, o trânsito está no rastro da tartaruga. O rádio do carro de Paulo anuncia 54 quilômetros de congestionamento em todo o centro de São Paulo. O som que predomina é o das buzinas que ecoam dos carros e se confundem no ar, dando o tom da cidade grande.

O ar poluído e o cheiro de carniça que circula por ali contribuem para que o ambiente se torne insuportável.

É início de noite, e a temperatura atinge vinte e nove graus.

Paulo participa do barulho apertando insistentemente a mão no volante. O ar condicionado não dá conta e o suor escorre em seu corpo. Xingos e murmúrios são colocados para fora.  É o nervosismo e a impaciência que toma conta de Paulo. Ele precisa de um calmante. Calmante que no mínimo três vezes por mês o empresário vai atrás.

Aproveitou a brecha, movimentou o volante e entrou á direita pisando fundo, passando da primeira para a segunda marcha e aí por diante, fugindo do trânsito, adiando sua chegada em casa e indo rumo ao paraíso que há, entre as pernas de uma mulher.

Vinte minutos depois, nas redondezas do Parque do Carmo, ele escolhe o seu calmante entre as mulheres da calçada.

Estacionou no acostamento e sem desligar o carro negociou um programa.

No quarto do motel, ele respira ofegante com o sexo oral que a prostituta pratica nele. Ela que tem cabelos cor de fogo, corpo cheio de curvas e uma tatuagem na barriga. Justo ela que é conhecida no meio das suas amigas de trabalho por deixar o seu cliente nu, literariamente falando. Justo ela que depois de fazer o programa com um cliente abonado, desaparecia por meses, aplicando em cima de outros clientes noutros lugares.

Justo ela Seu Paulo?

A danada já havia estudado a nova vítima. Na hora em que negociavam, ela prestou atenção no carro, no celular e na roupa do empresário. Percebeu também o pacote de dinheiro na hora em que ele pagou a entrada do motel.

“Hora de sumir desse ponto” – Pensou rindo.

Ela é a isca que o peixe fisgou, e como sempre o peixe acaba levando a pior.

Depois de uns dez minutos de sobe-e-desce, Paulo obteve o seu orgasmo e deu um suspiro longo.

A puta tratou logo de agilizar o seu negócio. Na verdade iria começar a trabalhar:

- Nossa, que gostoso! Adorei. Quer casar comigo?

Paulo sorriu. Ela continuou:

- Essa merece um drinque.

Após pedir a bebida, virou Paulo de costas com o pretexto de fazer uma massagem:

- Você está tão tenso.

- Minha vida é que me deixa assim. – Disse ele.

- Relaxa, hoje é sexta-feira.

A bebida foi recebida por ela que, aproveitando o relaxamento de Paulo, depositou no copo dele algumas gotas de um líquido transparente como água.

Brindaram.

Ele bebeu num só gole e deitou novamente pedindo as mãos dela em suas costas.

Paulo relaxa sentindo a massagem. Parece estar nas nuvens... flutuando, flutuando.

Esqueceu de tudo; o caso que caminha na justiça, a praga de sua ex-funcionária, o trânsito, as contas a pagar, os contratos futuros, os clientes, os fornecedores e tudo mais que o preocupava. Agora está curtindo a sensação que corre pelo seu corpo, sente um prazer estranho, um formigamento gostoso nos seus pés que vai subindo devagarzinho, bem devagarzinho até chegar à cabeça.

O empresário nunca sentira isso antes, mas deixou-se dominar.

“Provavelmente é o efeito do sexo” – Pensou ele em grande satisfação.

Aos poucos suas pálpebras foram ficando pesadas, sem resistência... fechando, fechando... dormiu.

A puta se apossou da carteira, do relógio, do celular e da chave do carro. E antes de sair do quarto, beijou a boca de Paulo como forma de agradecimento, e ainda disse:

- Boa noite otário.

E ele dormia, indiferente a tudo. Não dormia um sono de pedra, apenas um sono de cinderela.

 

Sacolinha

COMENTÁRIOS


Colaborações deste autor:
Para ver todas as contribuições deste autor, clique aqui.

institucional capão redondo política de privacidade newsletter colunistas contato